27 de fevereiro de 2011

Tulipa


Às vezes, em dias de luz perfeita e exacta
Às vezes, em dias de luz perfeita e exacta,
Em que as coisas têm toda a realidade que podem ter,
Pergunto a mim próprio devagar
Porque sequer atribuo eu
Beleza às coisas.
Uma flor acaso tem beleza?
Tem beleza acaso um fruto?
Não: têm cor e forma
E existência apenas.
A beleza é o nome de qualquer coisa que não existe
Que eu dou às coisas em troca do agrado que me dão.
Não significa nada.
Então porque digo eu das coisas: são belas?
Sim, mesmo a mim, que vivo só de viver,
Invisíveis, vêm ter comigo as mentiras dos homens
Perante as coisas,
Perante as coisas que simplesmente existem.
Que difícil ser próprio e não ser senão o visível!
Alberto Caeiro

2 comentários:

  1. Dulce
    Que bela TULIPA.
    Até parece uma homenagem à minha pessoa...
    eheheheheh (risos)
    Mas, quero saber onde captaste tu esta bela flor?
    Diz-me, tenho que lá ir...ver, ao vivo!

    Beijokas da Ester (Tulipa)

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